O Sítio
Aquele velho projeto de fazer um fãzine com os amigos...


terça-feira, setembro 28, 2004  

HP Photosmart 945


escrito por Chico Lacerda | 01:32 |


domingo, setembro 26, 2004  

O novo ímpeto

parte 5

Ou você olha pra mim, agora, e presta atenção em tudo que há por dentro, ao redor, pra frente e pra trás, pra cima e pra baixo, em todas as combinações, de toda e qualquer forma que seja, meu querido, ou você vai perder esse instante. É só um instante pra você entender que não tem mais vez. Porque eu, eu não paro de me trabalhar, eu não paro de crescer, eu não paro de aprender. E assim vou errando. E assim levanto a cabeça, pra depois, talvez, errar de novo. É esse ritmo louco, essa dança cansativa e que não me pode fazer parar – ninguém nunca deve ousar parar – que me faz pensar assim em você. Você, assim: só um instante pra entender que há o fim, que é o fim.

É essa agonia que a tudo pertence que me faz refletir: será que existe um nós dois? Ou você olha pra mim, meu bem, meu amor – sim, esse carinho todo também me move e me faz querer te sacudir por inteiro, me faz querer que sintas o mundo tão vivo como eu sinto – ou precisarei desviar meus olhos de ti.

[Mas já desviei, amor. É só uma recaída que me dá ao usar as palavras. É um querer-te-levar-junto pra esse lugar lindo que eu sei que existe, pra essa tranqüilidade de alma que eu estou indo em busca. Mas hei de ir sem ti.]

Mas tu não olhas. Não tens olhos, não tens nada. És o desastre, já sabes. Nunca conseguiste me ver. Não faço parte do teu campo de visão e, no entanto, estive sempre na tua frente.

Ai, querido. Já não me dói mais o meu coração. Não por mim. Não por nós dois. Por você, sim: tenho pena da tua frieza, da tua burrice, da tua mediocridade. És tão medíocre, tão pequeno, tão sujo que é uma lástima você existir. Precisas de uma implosão, imediatamente. Tu não és gente, meu amor. Alguma aberração, um erro, um desencontro, o caminho errado. És tudo que não se deve buscar. Ai, sinto pena de tua mãe, de teu pai e de todas as possibilidades que a ti foram atribuídas. Não, não. Eu sinto, sinto demais, é pena da tua vida, da tua existência. Das forças que o Universo gastou pra te fazer. Dos cálculos probabilísticos que a matemática fez, tudo em vão. Só fazes, só consegues vaguear. Não tocas em nada, não sentes nada, não tens ninguém. Não és nada. Sequer o nada.

Eu sinto muito por ti. Esse é o meu suspiro mais verdadeiro. Por mim, não. Eu sei que eu tenho as minhas pernas. Sei que com elas posso caminhar. Agora eu sei. E fico sabendo, também, que não é só de pernas que se precisa para caminhar. Há casos em que nem pernas são necessárias. Tem gente que não as possui, e nem por isso pára de caminhar.

Mas tu... Tens pernas, pernas lindas, pernas que já me enlouqueceram de amor. Mas não sabes usá-las. Elas fazem parte de teu desastre interior. És uma demolição que vagueia.

Não vais mais me destruir. Eu estou a caminho da segunda opção. Eu estou a milhares de pensamentos longe de ti. Eu estou distante, a caminho de outro mundo, depois da tênue divisão entre esses dois mundos, entre eu e você, entre a primeira e a segunda opção. Eu mudei de lado nessa existência binária.

Eu. Eu agora entendo o significado, eu agora aderi ao vocábulo do eu. E ele é preciso, e é sempre necessário, é inevitável não usar o eu.

Eu vou levar esses lençóis, essas toalhas, guardei meus livros, empilhei meus discos, juntei fotografias, amontoei minhas roupas, minhas canetas, meus papéis, minhas coisas mais íntimas, cada pedaço da minha vida – sim, de tantos erros – materializado nesses objetos, espalhados por nossa casa. Eu peguei, amor, tudo o que me faz parte, tudo o que é dos meus dias, tudo o que tem o meu jeito, o meu cheiro, a minha cara, a minha assinatura, a minha digital, o meu acerto e a minha falha, a minha poeira, a minha asma, a minha necessidade em forma de coisas e de objetos e pus tudo na minha mala. O resto são coisas de nós dois. São coisas que vão ficar pra trás. São coisas que eu deixo para ti. Que eu não quero mais. E fica com a TV, com o apartamento, os móveis, esses teus livros imbecis, essa tua mania de nunca me possuir, esses temperos que eu odeio, esse teu cheiro de quem não me vê. Fica com tudo. Que eu não cuido mais dos teus assuntos, das tuas complicações com o mundo, que de ti eu não quero mais tentar fazer parte, que contigo eu não quero fazer de conta que divido nada, total e absolutamente nada. Nem o mesmo teto. Nem o sobrenome. Nem o almoço. Nem o colchão. Nem o sono, o banho, o tédio, o choro, o riso, o silêncio, o prazer. Nem as contas, as risadas, as saídas, as distrações, as descobertas, as brigas, as desculpas. Nada.

Dou-te um soco no estômago, no rosto e na alma, caso me sigas. Não venhas atrás de mim. Não te suportarei fazendo tal. Deixa-me praticar a indiferença por ti. Eu preciso, por ti, nada sentir, nada ouvir falar, nada de nada.

Respeito, aprendi a respeitar tuas fobias. Respeito tua fobia, teu pânico a mim. Já consigo enxergar um pouco disso em mim, em relação a ti. Mas é coisa pouca, não é nada tão grande. Acima da minha impossibilidade de agora te possuir, da mesma forma como nunca me possuíste, há a tranqüilidade da indiferença. A certeza de estar num lugar do mundo que não é o mesmo teu, que tu nem sabes que existe, que tu nunca vais nem entrar. E tu nunca vais me achar. Porque sempre foste surdo pro meu canto.

parte 6

Encho o meu coração de vida, tento abafar o medo e disparo: a taquicardia, a tremedeira, a certeza de alguma coisa, tudo toma conta de mim. É preciso não parar, não parar, não parar. Não parar de pensar assim. Não paro, não vou parar, não quero parar. Vou levantar desse sofá, tira-lo do meu colo, acorda-lo imediatamente e dizer que estou indo. E mostrar as minhas malas. E argumentar, se for preciso. E chorar, se ele me fizer assim. E bater nele, se ele resistir. E xinga-lo, se ele negar a hecatombe. E gargalhar ironicamente, se ele disser que é o homem da minha vida, que não há outra opção. E simplesmente ir embora, se ele aceitar sem muitas reações. Levantar desse sofá, ir embora hoje, achar o meu canto no mundo: esse é o meu novo ímpeto


escrito por Júlia | 20:14 |


sábado, setembro 25, 2004  

O Meu Quarto

Estreando a câmera digital com ensaio clichê. SIM!, ela tem um zoom foderoso. SIM!, eu sou amostrado.



















escrito por Chico Lacerda | 03:11 |


terça-feira, setembro 21, 2004  

Aftermath

Dime por qué todavía te deseo, por qué tu nombre vuelve
como el hacha a la herida en una amarga visitación de la
medianoche,
a la vera de un campo funerario donde larvas se multiplican
húmedas babas, recuento interminable de torpezas,
dime desde esa nada donde ahora te atrincheras, dime
por qué me basta componer un mecanismo elemental de
sílabas,
discar en el congollo de la niebla las cifras de tu nombre
para que solitariamente
me agobie la espranza de una menuda migración de dedos
por mi pelo,
de una fragancia donde habita el musgo.

De un silencio más fogoso que todas las vigilias.

Julio Cortázar

escrito por Júlia | 13:54 |


sexta-feira, setembro 17, 2004  

Mostra de Cinema Digital da Fundação

Vai ocorrer nos dias 20 a 22 de setembro, próxima semana. Foi organizado pelo pessoal da Fundação, pra mostrar a quantas anda a produção em vídeo e digital aqui no estado, além da exibição e debate do documentário 33, de Kiko Goiffman. Inscrevi minhas duas experiências cinematográficas digitais e é claro que só estou fazendo a propaganda porque uma delas foi selecionada: O Desenhista, que vai passar no dia 22, quarta-feira, no programa 4, a partir das 21h. Prestigiem. E ainda vai ter premiação pros três melhores, selecionados por um juri. Não que eu tenha muita esperança, mas sei lá, se já ficou no 1/3 melhor (foi um dos 31 selecionados entre um total de 96 inscrições), não custa nada tirar um primeiro lugar e embolsar miliquinhentos réis, né?

Pra comemorar, estão ambos os curtas disponíveis no endereço http://users.hotlink.com.br/lfl/video/. Cliquem com o botão direito e escolham "Salvar como", pro bicho não começar a rodar em stream e ficar cheio dos engasgos. Com som, faz favor.















O programa da mostra é o seguinte:

Segunda, dia 20
18h40 - Abertura
19h - Programa 1 – competitiva (duração: 1h31)
20h40 – Debate

Terça, dia 21
18h Programa 2 – competitiva (duração: 1h15)
19h15 Debate
20h15 Programa 3 – competitiva (duração: 1h19)
21h40 Debate

Quarta, dia 22
19h – Exibição do longa-metragem: 33, de Kiko Goifmann (duração: 1h14)
20h15 – Debate
21h Programa 4 – competitiva (duração: 1h27)
22h30 Debate


PROGRAMA 1
1. Direita Esquerda - 5’01
2. A Gente é Sem Vergonha – 9’22
3. Contratempo – 9’25
4. Ninguém Está a Salvo – 2’29
5. O Livro de Areia – 5’
6. Filme de Ação – 6’15
1. Untitled – 13 min.
2. Vrumm – 11’50
7. Jenny – 7’
8. Toalete Zone – 3’40
9. Paola – 17’49
Tempo Total: 1h 30min 51seg


PROGRAMA 2
1. Ventilador - 8’
2. Relendo Ferdinando Saussure mais uma neurose – 5’
3. Rastro e A Cor – 7’30
4. Paz – um vídeo protesto – 8’25
5. Hora marcada – 1’12
6. Tá como o diabo gosta – 3’20
7. O Súcubo do Xupascara – 15’
8. O Homem Mais Sabido do Mundo – 26’
Tempo total : 1h 15min 04 seg


PROGRAMA - 3
1. Seu Juca – 12’14
2. Estufa – 3’25
3. Fora da cena – filmes pernambucanos inacabados – 15 min.
4. Pulga D’água – 15’
5. Fora do Tom – 9’40
6. Doces apegos – 23’
Total Total: 1h 18 min 19 seg


PROGRAMA - 4
1. Digital Sabah – 10’22
2. Tempos e tempos – 3’09
3. Vâmo Fazer um Clipe 17’
4. Formiga Film - 2’
5. Antropologia animal – 9’55
6. Mongus – 1’45
7. Homine – Costurando Identidade Urbanas – 22’20
8. O Desenhista – 5’
9. Alagoa Grande – Barragem Camará – 15’
Tempo total: 1h 26 min 31 seg.

escrito por Chico Lacerda | 01:46 |


sábado, setembro 11, 2004  

Capa do Saudade das Minhas Lembranças, de Nervoso
























Linda, né?

escrito por Chico Lacerda | 10:04 |


quinta-feira, setembro 02, 2004  

O ermitão e a temperança

Ele se impõe fechado. Parece que está num palco. Demonstra as opiniões – e são muitas -, eloqüência ao articular cada palavra, entonação incisiva. Mas as promulga como um monolito divino, incapaz de transcender ou misturar-se.

Há por aí quem escolha pólos antitéticos. Extremidades. Há quem viva de dentro de si para o resto do mundo; há quem abrace o universo e interiorize o possível. Conheço até gente que não se move.

Ele anda por aí, carregando uma lamparina – e pensa que está sendo guiado. Não há caminho certo, não há certeza de nada. Mas ele anda, ele diz que precisa andar. E vai vivendo, vai procurando, andando, andando, vivendo... Não sei se de dentro para fora ou do contrário.

Não sei como se queima a etapa da mistura, da troca, da reciprocidade, de tudo o quanto for dialético. E ele é unitário. De cima do palco dele, o transtorno: olhando para uma imensidão de gentes na platéia, pensa ter alguém. Pensa ter muitos. Pensa ser útil a lamparina. E vão todos ao delírio, sugando o seu talento e sua quantidade de vida: aplausos.

Ele sai batendo os braços, se sacode por inteiro e grita: quer encontrar qualquer coisa. A temperança. Um mero abrigo que lhe pertença. Ele quer, eu sei, reconhecer alguma coisa. Mas perde a cautela – é descuidado – e sai batendo em todas as pessoas. E adora multidões. Sai agredindo a platéia inteira, um amontoado de pessoas.

Falta-lhe a incidência direta da luz. Vive num ermo artificial.

Ele de nada sabe. Busca por convicção. Perdido, sozinho, desesperado, esbanjando seus dons, encarna o papel do ermitão que saiu do mundo e subiu num palco em busca dum deserto ao sol.

escrito por Júlia | 02:12 |


quarta-feira, setembro 01, 2004  

R.E.M. - Leaving New York

Resenha-pílula: que música brega do caralho!

escrito por Chico Lacerda | 10:14 |
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