O Sítio
Aquele velho projeto de fazer um fãzine com os amigos...


domingo, agosto 29, 2004  

de volta, pessoal. um texto antigo, nem lembrava mais dele. não sei ao certo o que é, mas me parece uma carta. enfim, metam-lhe bronca.

Tu

Porque és pequeno.

Quis te fazer mais suave. Apertar cada unha das mãos sobre teus dedos. Cheirar teus traços, passear pelo teu rosto. Tocar teus fios de cabelo. Quis – como somente a mim é cabível – cuidar de você e do que te pertence.

E ponho o lençol mais fino e bonito em tua cama. E cubro-a com a colcha mais linda que há. Desfaço aquelas trouxas de roupas, tão certas, de alguém que estava pronto a não mais voltar, levantar-se do sofá e ir-se. Penduro em tua parede aquele quadro bonito, tão cheio de cores, que fez de Sônia admiração e espanto. E ponho aquele meu vestido, aquele de desfilar pelo corredor, na frente do espelho – que tem cheiro de café no amanhecer -, seguro o teu braço e enxergo a cidade. Sei que o sol vai tremer. E acredito.

Tiro cada partícula de poeira do teu quarto. Jogo fora todos os papéis com palavras que não te servem. Troco a fechadura da porta. Ponho palavras em tuas paredes. Aquelas minhas palavras, tão tuas.

E teu quarto, tua cama, tuas coisas todas, todas elas têm meu jeito de te olhar.

Tu, sendo um pedaço tão lindo de mim, és mais suave. Porque eu quis te fazer assim; porque eu só pude fazer assim.

Já te percebo mais claro, mais límpido. Só quero o teu coração, cada vez mais, certo de ti e de mim. Um coração, ai deus, um coração tranqüilo.

Sou essa convicção. Nunca pude não ter esse norte, não convergir para onde tenho ido. E vou caminhando, aumentando sempre de vontade: sou de uma certeza cada vez mais óbvia. É esse laço invisível e inquestionável, essas coisas que me alimentam, elas estão por aí, nesse caminho que me é inerente.

E não há prazer maior que o de te querer tanto, aos pouquinhos e o tempo todo, cautelosa e desesperadamente, pensando na melhor forma e não tendo outra opção. E te digo, meu amor és tão pequeno que preciso te apertar. E te faço aquele meu cafuné, entrego-te essas palavras de ternura, e pronto.

Porque és pequeno.

escrito por Júlia | 16:26 |


quarta-feira, agosto 25, 2004  

A Piada do Pinto sem Cu

(foi peidar, explodiu)













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escrito por Chico Lacerda | 22:11 |


sábado, agosto 21, 2004  

Sonic Youth – Sonic Nurse

Franz Ferdinand, The Killers, Chico Buarque Vol. 4, Carteira Nacional de Apaixonado de Frank Jorge, Sea Change de Beck, Bows + Arrows de The Walkmen, tenho ouvido muita coisa massa ultimamente. Mas faz um tempão, coisa de um ano e meio, que somente duas coisas me deixaram em estado de graça, maravilhado: Turn on the Bright Lights do Interpol e Legal de Gal Costa. E agora esse, do Sonic Youth.

É o disco mais simples deles em anos, apesar das músicas estarem bem trabalhadas, cheias de detalhes pra cada nova audição, diversas seções de andamentos e climas diferentes, controle total do contraste entre partes de melodias popíssimas e outras com aquelas afinações diferentes que eles usam. É meio aquele negócio que tem também no disco do Interpol de criar um todo complexo e belíssimo a partir de batidas básicas.

Duas músicas base pra esse álbum: The Diamond Sea, do Washing Machine (sem o gran finale) e Radical Adults Lick Godhead Style, do Murray Street. O disco todo tem o sentimento dessas duas músicas: a beleza calma da primeira, a empolgação calma da segunda e a simplicidade de ambas. O vocal – à exceção de algumas disgressões de Kim Gordon – também está na mesma linha.

No final das contas, é um disco que sublinha aquilo que faz você dizer: porra, é isso que o Sonic Youth faz que ninguém nunca conseguiu fazer igual, olha aí, esse é o mojo da banda. Em resumo: corram!, baixem!, comprem!, ouçam!, que o negócio é sério.

escrito por Chico Lacerda | 12:26 |


sexta-feira, agosto 20, 2004  

A Vida

(ou: minha estréia nos quadrinhos)

escrito por Chico Lacerda | 00:49 |


segunda-feira, agosto 02, 2004  

A Noite do Oráculo – Paul Auster

É o mais recente de Paul Auster, que terminei de ler faz alguns dias.

Digo logo que é muito inferior ao anterior, O Livro das Ilusões, que é foda. É mais homogêneo nas suas múltiplas e sobrepostas camadas de ficção, mas de alguma forma menos humano.

É a história de um escritor que sobrevive com seqüelas de uma queda de um lance de escadas. Vai voltando a viver pouco a pouco, depois de alguns meses acamado, e começa a escrever compulsivamente num caderno português estranhamente atraente. Resgata uma idéia de um amigo, baseada numa passagem dum livro de Dashiell Hammett onde um homem muda completamente de vida após sua quase morte e sai escrevendo loucamente essa história desse homem que também foge de sua vida anterior ao experimentar uma quase morte (coisa que por sinal também estava presente no Livro das Ilusões). E esse homem (o que é descrito no caderno) tem em mãos um romance antigo nunca publicado, que também é desenvolvido no livro (de Auster e do personagem).

O lance é que toda a ficção criada pelo cara irá mostrar-se depois ligada a eventos passados e até futuros da vida dele próprio, numa intrincada rede de criação através da psiquê dele e, supõe-se, também de premonições. É um lance massa, mas que senti ter ficado esquemático demais, na cara demais.

O livro tem um ritmo da porra, cadenciado, entrando e saindo das diversas ficções na velocidade da convalescença do cara, mas senti problema com os personagens. Em especial a esposa do cara, mas também tanto o amigo deles quanto ele próprio. De alguma forma (e não consegui filosofar o bastante em cima disso a ponto de identificar o problema, seja no livro, seja em mim), não consegui me envolver com eles e cada acontecimento novo soava artificial, como escolha do autor e não prosseguimento natural da vida do cara. Tem aquela parte belíssima, do vício no óculos 3d que traz o passado de volta, e é aí que fica mais evidente a falta de vida do resto. E a profusão de notas de rodapé no primeiro terço do livro – algumas de várias páginas – chega a irritar. Custava mesclar ao texto?

Mas, mesmo com essas reclamações e rabugices todas, eu achei o livro legal. Não é apaixonante, como outros Austers me levam sempre a esperar, mas tem lá seus interesses e grandes passagens.

escrito por Chico Lacerda | 23:45 |
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