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O Sítio Aquele velho projeto de fazer um fãzine com os amigos... |
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![]() sábado, junho 19, 2004 Resenhinhas É o terror do jornalismo cultural, mas divertido de escrever. Os últimos filmes que eu lembro de ter visto: A Volta do Talentoso Ripley – Liliana Cavani Depois do diálogo final de Festim Diabólico, é muito difícil misturar filosofia com assassinato sem parecer forçado. Não sei se eu acredito muito nessa frase, mas além de ser de bom tom criar polêmica, esse filme me fez pensar nisso, em como isso é foda no de Hitchcock. Já esse tem essa mistura de sofisticação e instintos baixos que não decola, a sofisticação estando quase que apenas na superfície (cenários bregas, muitos violinos e citações à cultura clássica). Mas quando desce o nível, aí sim o filme fica bom, como na sequência completa do trem, digna de Hitchcock e de seu maior imitão, de Palma, além da barricada final na casa do cara. Em resumo, se fosse só um filme de ação/suspense, acho que decolaria. A mulher sabe dirigir esse tipo de cena. 21 Gramas – Alejandro González Iñarratu Pra mim o Iñarratu chegou na sala de edição, percebeu a merda que tinha filmado e resolveu embaralhar toda a cronologia pra, pelo menos, ganhar a fama de moderno. A história parece ser interessante, mas não consegui saber direito, porque toda hora o cara ficava cortando o clima, passando dum tempo pro outro. Quando eu tava começando a me envolver no drama da mulher, zupt, balde de água fria e qualquer construção do filme na minha cabeça desabava. Por pior que estivesse, e acho que nem devia ser tão ruim assim, conseguiu piorar com a edição final. Elefante – Gus Van Sant Se não fosse O Filho, tinha ganho o posto de melhor filme que eu vi no ano passado. Quando vi de novo, só tive a confirmação disso. Kill Bill vol. 1 – Quentin Tarantino Personagens vazios e história mínima num filme do caralho. Dizem que no volume 2 isso muda, mas pra mim já tá ótimo. Entre os melhores desse ano. E nunca mais que eu ouço a trilha sonora dum filme antes de assistir ao filme. Depois de Encontros e Desencontros e desse, vi que atrapalha um bocado. À Meia-noite Levarei Sua Alma – José Mojica Marins O filme começa muito bem, com a iconoclastia do Zé do Caixão e as histórias dele de querer a fêmea perfeita pra gerar o filho perfeito. O problema é que do meio pro final a coisa começa a ficar repetitiva, o mesmo esquema de matar, esconder o crime, a cidade saber que é ele, ele ir no bar, tirar onda de todo mundo e ninguém fazer nada, que começa a ficar mais difícil de engolir a história. Se tirasse a morte do médico, melhorava um bocado. Outra coisa que podia tirar são os monólogos do Zé do Caixão filosofando sobre a vida e morte aos gritos. Longos, maçantes e quebrando totalmente o clima. O cara levanta a bola de novo já no final, no dia dos mortos. Só não precisava daqueles efeitos especiais (a coruja, a aura do morto-vivo). Além de muito mal feitos, dava pra fazer a coisa de forma mais inteligente usando somente a câmera. escrito por Chico Lacerda | 16:46 | terça-feira, junho 08, 2004 Esse cara (parte I) Sei de mim. Sou alguém de muitos estragos, muitos erros, tanta coisa por fazer. Sou preguiçoso, não vou me mexer. Deixa pra lá, que façam os outros. Reclamo, faço errado, faço feio, faço pior. Sou um cara, sabe, muito largado na vida. Sou mesmo. Mas sei de meus dons. Não tenho muitas virtudes, não faço questão de as ter, sabe. Não ligo pra essas coisas. Vivo num nem aí pra tudo, constante, pra sempre, sem fim. Dizem por aí que sou mau. Mas, sabe de uma, meu velho, eu tô numa de nem ligar. Sou só na minha. Assim, de não pensar, nem me mover, nem agir. Fico por aqui. Fico mesmo. Conheço tudo o que eu posso. Tem muita gente que não dá nada por mim. E eu não ligo nem um pouco, sabe, fico só achando graça; mas na verdade sem achar coisa alguma. Fico só de bobeira por aí, observando as coisas que tão em todo canto. Mas nem penso muito sobre elas. Porque crio o que eu quiser que exista. Uma vez tive uma namorada. Foi uma história que me agradou. Assim, sem muitos rodeios, a gente se gostava. Foi a primeira vez que algo desse tipo não me foi indiferente. E aí eu resolvi fazer o que essa gente daqui chama de ir em frente. Investi na garota. Levei-a pra minha casa, pras minhas coisas, pro meu canto. Conversei sobre tudo. E falei de meus segredos. Ela se assustou, foi embora. Sabe como é, eu entendo que essas pessoas que vejo pelos lugares, essas pessoas que conheço não estão acostumadas a ouvir certas verdades. Sei que sou meio assim, prum lado estranho das coisas. De um jeito que não é interessante. De um comportamento que não é inteligente. Mas, tá, uma coisa que eu também sei é de minhas capacidades. Deixei pra lá, sabe. Não ligo. E continuo indiferente. Não sei o que fazer por aí. Não sei o que esse povo tanto faz pelas ruas, o que esse povo faz da vida. Eu não sei por qual razão fazer qualquer coisa. E olha que eu sei das minhas coisas. Tenho minhas ferramentas, mas, tô nem aí, elas ficam guardadas em minha casa. Foi só mostrar pra minha namorada, aquela que refletiu algum significado pra mim, que essa espécie de gente se mostrou insensível. Minha namorada foi incapaz de me entender por completo. escrito por Júlia | 18:12 | |
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