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O Sítio Aquele velho projeto de fazer um fãzine com os amigos... |
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![]() sexta-feira, janeiro 30, 2004 Skank - Vou Deixar A capa - de influências descaradamente sessentistas - e a primeira música de trabalho - Dois Rios, parceria com Lô Borges e cópia das melodias e do estilo do próprio da época de seus primeiros discos - já revelavam a que o Cosmotron, mais recente álbum do Skank, se propunha. ![]() ![]() ![]() escrito por Chico Lacerda | 19:38 | segunda-feira, janeiro 26, 2004 (Nota: a resenha a seguir foi escrita para a revista do Coquetel Molotov, que deverá sair em breve.) The Rapture – Echoes (2003) Rótulos não faltam para descrever o som do Rapture: digifunk, disco-punk, dance-punk e assim por diante. Já se fala até que se trata de um “movimento”. Aos meus ouvidos, no entanto, o som do Rapture (e das outras bandas enquadradas) não vai muito além de uma retomada do que se fazia entre o fim dos anos 70 e o começo dos anos 80, por bandas como Public Image Limited, A Certain Ratio e Gang Of Four. O tal disco-punk incorpora a dance music da metade dos anos 80 pra cá (house, techno) do mesmo jeito que as bandas daquela época faziam com a música disco, o reggae e o funk: ao som e à atitude punk, adicionavam elementos desses estilos, tais como as batidas, as linhas de baixo e a estrutura das músicas. Para isso, o Rapture conta com a parceria do DFA, a dupla de produtores responsável por transformar a então não-tão-promissora banda de Nova York num sucesso das pistas de dança. Graças ao famigerado 12 polegadas arrasa-quarteirão “House Of Jealous Lovers”, de 2002, toda a atenção esteve voltada para a banda. Complicações com a gravadora acabaram adiando o lançamento do álbum, que só sairia no fim de 2003; muito antes disso, contudo, “Echoes” já havia vazado pelos programas de troca de arquivos da internet. Mas, afinal, valeu a pena esperar? Para a mídia, sim, porque ela conseguiu criar o maior hype de 2003, em todos os cantos do mundo (até no Brasil o disco foi lançado, graças, também, à vinda da banda ao país em Outubro do ano passado). Para nós, ouvintes, a resposta não é tão simples assim. Porque “Echoes” é, de fato, um bom disco. Falta a ele coesão, mesmo não sendo um álbum muito longo; mas há lá canções melhores, ou no mesmo nível de House Of Jealous Lovers, que já era espetacular. Começa com Olio, que já havia sido gravada no primeiro álbum (Mirror, de 99), mas aqui foi transformada num bate-estaca de primeira, conduzida no chimbau, com palmas e sintetizadores oitentais. Heaven, a segunda faixa, remete ao Gang Of Four do começo, sendo, porém, mais tosca, com sua linha de guitarra ultra-aguda e bateria quebrada. The Coming Of Spring, a quinta, lembra o P.i.L. na época do Metal Box, graças à linha de baixo saliente e à batida quase disco. Isso sem falar no tecnopop de Sister Savior, e na faixa-título, com tanto potencial para virar hit quanto House Of Jealous Lovers, que, por sua vez, também entrou no álbum. A banda erra a mão, no entanto, quando tenta soar diferente do que sabe fazer. Estamos falando do horrendo pseudoblues Open Up Your Heart (que, sendo a terceira faixa, ainda consegue estragar a seqüência do disco), e da infame Love Is All; sem contar com Infatuation, a irrelevante faixa de encerramento. Se esses maus momentos não tiram o mérito do álbum, também não fazem dele a obra prima que poderia ter sido, e que a imprensa musical precipitadamente considerou. Talvez o Rapture não seja uma banda de álbuns, e sim de compactos - isso só o tempo vai dizer. Resta saber se daqui pra lá a mídia vai continuar dando à banda a mesma atenção. É ver para crer. H. escrito por Haymone Neto | 16:29 | segunda-feira, janeiro 12, 2004 A morte da filha de Jimmy Marcus Este texto comenta detalhadamente uma cena chave do filme Sobre Meninos e Lobos. Convém então a quem não viu o filme não lê-lo. ![]() Já chegando no Siribatorofolia (cachaça de aniversário de Siri e Batoro) encontrei foi o oposto: nenhuma das pessoas com quem comentei o filme havia gostado dele. Investiguei melhor o caso com alguns, a saber Alexandre, Diogão e Didi, que me disseram que tinham-no achado chato, monótono, pedante. Estava então pensando no causo um dia destes, no chuveiro, e me deu aquela vontade de compartilhar com eles a minha admiração pelos primeiros cinquenta minutos de filme, sair destrinchando aquela construção da tragédia que foi a morte de Katie Marcus, filha de Jimmy. Não que o resto seja ruim, longe disso, mas esse começo é foda demais. Foi o gênero de suspense, mais especificamente Alfred Hitchcock e Brian de Palma, que despertaram minha paixão não apenas pelo cinema, mas pelo fazer cinema, pelo modus operandi da coisa. Os filmes deles contam, na maioria das vezes, com cenas de suspense fechadas em si: têm uma situação com começo (a fonte de tensão é revelada), meio (a tentativa de eliminar a fonte de tensão, geralmente planejado como uma linha ascendente da tensão) e fim (a fonte de tensão foi eliminada ou conseguiu cumprir seu objetivo, que é quando a tensão atinge seu ápice e cessa). Fontes de tensão geralmente estão ligadas ao perigo físico - o fio do elevador vai quebrar; o tubarão está chegando perto; a bomba vai explodir - mas algumas vezes são mais sutis, ligando-se a perigos psicológicos ou sociais - o mordomo está se despedindo da governanta sem conseguir colocar pra fora o amor que sente por ela, mesmo sendo esta a última vez que ele a verá; o professor de carpintaria descobre que um de seus aprendizes é o assassino de seu filho recém saído da prisão. É evidente que a construção de uma cena eficiente do primeiro tipo requer menos esforço que uma do segundo: o bebê está correndo em direção à pipa que caiu no meio da auto-estrada enquanto um caminhão gigantesco e veloz está vindo da curva adiante. Priu. Temos uma cena de suspense sem nem sabermos quem é o bebê nem o motorista do caminhão nem mais nada. A iminência do perigo físico atinge diretamente nosso instinto de auto-preservação e já estamos nos encolhendo sem perceber. Já a tensão psicológica ou social necessita de toda uma construção adicional para inserir o espectador no ambiente, fazê-lo reconhecer tudo que está em risco diante do perigo: teremos que saber todo o histórico do amor contido do mordomo pela governanta para apertarmo-nos na cadeira durante a despedida final deles. Tudo isso é pra comentar a morte da filha de Jimmy Marcus, um exemplar do segundo tipo de cena de suspense e uma das mais épicas e ao mesmo tempo mais sutis que eu já vi. Épica no sentido que todo o filme conspira para a construção da tensão, todas as personagens e ambientes, por mais afastados que estejam da personagem e de sua linha de história. Épica também por causa da sua duração, tomando os primeiros cinquenta minutos do filme numa reta constantemente ascendente de tensão. Já o sutil é pela própria construção da cena, onde nada é dito, mas apenas intuído a partir de sinais o mais discretos possíveis. ![]() Temos então a despedida dela com as amigas, todas bêbadas e dançando no balcão de um bar cercadas por comentários machistas, inclusive de Dave, o amigo problemático de Jimmy. Ela sai sozinha do bar. Dave chega em casa banhado em sangue, acha que matou alguém, um bandido. E ele tem um passado de complicações psicológicas. Quando Katie não volta pra casa e não há nada sobre morte de um bandido no jornal, a hipótese da morte (assassinato) dela começa a se concretizar. E é só a partir daí, surpreendentemente, que começa a construção do ambiente familiar: mostrar as preparações do batizado, a importância de Katie estar presente lá etc. Não apenas o impacto da morte (quando ela se concretizar) cresce a partir do conhecimento do contexto da família - como n'O Quarto do Filho, por exemplo - mas também a tensão advinda de percebermos pouco a pouco o quão impactante será essa morte sobre a família, principalmente sobre Jimmy, se ela realmente tiver acontecido. E essa tensão passa a ser alimentada por sutis estranhamentos em Jimmy, como quando ele liga para as amigas da filha, quando rastreia o paradeiro dela na noite anterior, quando olha em volta na igreja, quando ouve sirenes e troca olhares de preocupação. Não há histeria por parte dele, só essa leve preocupação, quando então a apreensão não pode nem ser dividia com a personagem, ficando inteiramente nas costas do espectador com seu maior conhecimento sobre o que aconteceu na noite anterior, embora que ainda duvidoso. Chega a doer de tão elegante, eficiente e sóbria a construção. ![]() Se aquela cena em que ele urra de dor com trinta policiais em cima dele pareceu cinematograficamente dramática vista no trailer, terá agora, ao final dos primeiros cinquenta minutos de filme, total justificativa. E o caminho para mostrar as seqüelas e conseqüências da morte estará completamente preparado. Palmas para Eastwood. escrito por Chico Lacerda | 02:59 | sábado, janeiro 10, 2004 Frank Black depois de muito tempo É interessante reaproximar-se de algumas obras depois de algum tempo. Acontece principalmente com filmes: certas piadas e sutilezas que passaram batidas quando você era pirralho são captadas; certas situações são finalmente compreendidas com o coração ao invés de apenas com a cabeça, por causa de uma maior vivência; outras situações que eram tocantes ao extremo começam a parecer excessivamente dramáticas, artificiais. Com livros isso nunca me aconteceu, até porque eu tenho um problema sério com releituras: como tomam-me muito mais tempo que filmes, não consigo aceitar estar relendo um livro quando há mais inéditos no mundo do que eu vou conseguir ler em toda a minha vida. Mas acontece também com música. ![]() ![]() Na época eu tinha recém descoberto o rock 'n' roll , bem mais tarde que todos os meus amigos, resistindo bastante em deixar o reino seguro da música eletrônica que me acompanhou durante a adolescência: Depeche Mode, Tears for Fears, Erasure, Pet Shop Boys, Information Society. Esculhambei muito também o Guns and Roses e passei batido pelos Nevermind e Vs., ocupado que estava com o Achtung Baby e o Out of Time. ![]() Talvez essa overdose centrada mais no próprio Pixies tenha ofuscado um pouco o valor dos álbuns de Frank Black, que eu considerava frustrantes em comparação com seus álbuns ainda na banda. E na verdade realmente são obras menores se comparadas com os clássicos Surfer Rosa e Doolittle, mas seguiram apenas a evolução natural já apontada pelos dois últimos disco do grupo, o Bossanova e o Trompe le Monde. A histeria louca do vocal de Black Francis e da guitarra de Joey Santiago junto com o ritmo completamente quebrado da bateria de David Lovering e o acompanhamento estranhamente melódico do baixo de Kim Deal eram apaixonantes e fizeram história, mas se era hora deles mudarem, quem sou eu pra dizer que estavam errados? O primeiro de Frank Black inclusive mostrou-se muito superior ao último do Pixies, quando sinais de cansaço e repetição já eram perceptíveis. Continuou expandido o estilo único que a banda criou, utilizando-se de uma maior variedade de instrumentos e liberdade de arranjos, explorando novos territórios com resultados sempre excelentes e chegando até a compor uma obra-prima chamada Two Spaces que entrou pra uma das várias listas (infantis, eu sei) que mantenho aqui no quadro de avisos do meu quarto: "as músicas mais bonitas de todos os tempos", "as músicas mais empolgantes de todos os tempos", "as músicas mais dançantes de todos os tempos"; ela entrou pra "as músicas mais pops de todos os tempos". Enfim, um artista procurando evoluir e conseguindo, o que na época parecia apenas mais um chato deixando de fazer o tipo de música que eu gostava e queria ouvir. P.S.: quem quiser baixar a citada Two Spaces, disponibilizei aqui. escrito por Chico Lacerda | 00:15 | sábado, janeiro 03, 2004 Cinema em 2003 O melhor filme de todos: O Filho - Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne Filmes absurdamente bons: Ônibus 174 - Felipe Lacerda e José Padilha Edifício Master - Eduardo Coutinho Por um Sentido na Vida - Miguel Arteta Adaptação - Spike Jonze Waking Life - Richard Linklater A Agenda - Laurent Cantet A Viagem de Chihiro - Hayao Miazaki A Última Noite - Spike Lee Longe do Paraíso - Todd Haynes Elefante - Gus Van Sant Sobre Meninos e Lobos - Clint Eastwood Filmes absurdamente ruins: Jalla! Jalla! - Josef Fares As Horas - Stephen Daldry Chicago - Rob Marshall Cama de Gato - Alexandre Stockler A Teia de Chocolate - Claude Chabrol Matrix Reloaded - Andy Wachowski e Larry Wachowski escrito por Chico Lacerda | 02:37 | |
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